Adoração como Estilo de Vida (Continuação) II

04/07/2011 23:26

 

Desejo te convidar para refletir sobre três pontos dentro do que abordamos no início desse artigo:

1º - Adoração como estilo de vida, no amor a Deus;

No Salmo 116:12, o salmista pergunta: “Como posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo?”.

Acredito ser essa uma boa pergunta quando nos propomos a falar sobre adoração como estilo de vida!

Bernardo de Claraval, um dos escritores e pensadores que C. S. Lewis admirava e que seus escritos influenciaram a vida e a caminhada de Lewis, escreve o seguinte sobe o amor a Deus.

“A razão e a justiça natural igualmente me impelem a entregar-me inteiramente a amar aquele a quem devo tudo o que tenho e sou. Mas a fé mostra-me que devo amá-lo muito mais do que a mim mesmo, uma vez que percebo que ele me deu não apenas a vida, mas deu-se a si mesmo. No entanto, antes que chegasse o tempo da revelação total, antes que a Palavra se fizesse carne, morresse na cruz, deixasse o sepulcro e voltasse a seu Pai; antes que Deus nos tivesse mostrado quanto nos amava dando-nos a plenitude da sua graça, o mandamento havia sido proferido: Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força (Dt 6:5), isto é, de todo o teu ser, todo o teu conhecimento, todo o teu poder. E não era injusto que Deus exigisse isso de sua obra e de suas dádivas. Por que não deveria a criatura amar a seu Criador, que lhe conferiu o poder de amar? Por que não deveria amá-lo de todo o seu ser, uma vez que é apenas por sua dádiva que o homem pode praticar algo de bom? Foi a graça criadora de Deus que do nada nos fez surgir para a dignidade de seres humanos; e disso se deduz nosso dever de amá-lo e a justiça da sua reivindicação ao nosso amor. Mas em que grau infinito o benefício é aumentado quando pensamos sobre o cumprimento da promessa por parte dele: Tu, Senhor, preservas os homens e os animais. Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade!” (Sl 36:6s).

Ora, isso significa que estamos apertados de dois lados; primeiro é o da razão e da justiça natural, que independente de fé ou de qualquer outra coisa nos impele um amor e uma adoração incondicional.

Mas aí vem o mais forte argumento para que tenhamos a adoração como estilo de vida no amor a Deus que é o segundo lado; a fé! Ela nos conduz a uma consciência de amar a Deus muito mais que a nós mesmos.

Então, entramos em quatro estágios, pontos ou passos que atravessam a visão da adoração como estilo de vida no amor a Deus. 

ü O amor do homem por si mesmo;

Infelizmente o homem tem a tendência de inicialmente amar a si mesmo em benefício próprio.

Essa é uma tendência da carne que só sabe apreciar a si mesma!

Tornamos-nos Narcisistas demais da conta. Contemplamos nossa imagem refletida no espelho d’água ou nos espelhos da vida e admiramos nossa beleza!

Achamos-nos bons demais! Somos capazes de chorar por nós mesmos só em pensar que alguma coisa de ruim poderia nos acontecer. Esse é o primeiro estágio ou primeiro passo; 

ü Ainda que pela fé, o homem procurar a Deus e a amá-lo como algo necessário para seu bem-estar;

E isso é ainda pior do que amar a si mesmo, pois, nos revela quão mesquinhos e miseráveis somos em procuramos a Deus e a amá-lo não por causa Deus, mas por puro egoísmo!

Ainda bem que depois aprendemos a procurá-lo e a amá-lo de forma correta, meditando sobre ele, lendo a sua Palavra, orando e observando os seus mandamentos. Então aos poucos esse homem passa a descobrir quem é Deus, e o acha completamente amável.

E quando ele prova e vê quão gracioso é o Senhor (Sl 34:8), esse homem avança para o terceiro passo na visão da adoração como estilo de vida no amor a Deus;

ü Amar e adorar a Deus como Ele é digno de ser amado e adorado;

Esse homem a partir dessa descoberta passa a amar a Deus e a buscá-lo, não simplesmente como seu benfeitor ou por egoísmo, mas, como Deus mesmo digno de honra e glória, sendo esse sem dúvida alguma o estágio mais demorado para quem está crescendo em Deus.

Então vem o quarto passo;

ü Amar a si mesmo pelo amor a Deus;

Creio ser baste difícil ou impossível posso assim dizer, progredir nesse estágio nessa vida em que estamos, quando o homem quase numa condição perfeita passa a amar a si mesmo pelo amor a Deus.

A sua visão sobre Deus torna-se tão etnocêntrica, que sua compreensão e o seu amor a Deus o levam a amar a si mesmo pelo amor a Deus.

Precisamos confessar que isso parece estar além de nossas forças.

E que sem dúvida, esse estágio será alcançado quando o servo bom e fiel houver entrado na alegria do seu Senhor (Mt 25:21) e tiver sido farto da abundância da casa de Deus (Sl 36:9).

Pois então, de modo maravilhoso, ele se esquecerá de si mesmo e, como que libertado do próprio eu, será totalmente de Deus.

Pr. José Luiz Camargo